A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é caracterizada pelo excesso de gordura no fígado na ausência de causas como o consumo de álcool e afeta grande parte da população mundial, prevendo-se que a sua incidência aumente ainda mais com o crescimento da obesidade, diabetes e síndrome metabólica.
Neste estudo de Maio de 2018, mostrou-se a contribuição do tipo de dieta no aumento de fatores de risco para a doença. Nele participaram 38 indivíduos adultos obesos os quais foram divididos em três grupos e fornecidas 1000Kcal extra por dia de gordura saturada, de gordura insaturada e de carboidrato simples respetivamente durante três semanas. No início e no fim deste período foram monitorados parâmetros que caracterizam a Doença hepática gordurosa não alcoólica ou esteatose hepática ou seja o aumento de triglicerídeos (TG) intrahepáticos.
Concluiu-se que em todas as dietas os níveis de TG intrahepáticos aumentaram no entanto, a dieta saturada induziu um aumento maior de TG do que a insaturada.
A "dieta saturada" induziu ao maior aumento de TG intrahepáticos, por estimular a lipólise (quebra de gordura) dos adipócitos (células que armazenam a gordura), ficando estes ácidos graxos em circulação e sendo acumulados posteriormente no fígado. Além disso, esta dieta (ao contrário das outras) induziu a resistência à insulina e aumentou as ceramidas plasmáticas múltiplas, que são um biomarcador para o risco de doença cardiovascular independente do colesterol LDL!
A "dieta insaturada" levou a um menor aumento nos TG intrahepáticos, a uma menor lipólise e não alterou as ceramidas.
A "dieta de carboidratos simples" aumentou os TG intrahepáticos não por promover lipólise mas por estimular a lipogênese “de novo” que é um mecanismo de conversão de carboidratos em gordura (saiba que o excesso de carboidratos é convertido em gordura! )
Assim, este estudo mostra que a GORDURA SATURADA é a que mais prejuízo traz ao fígado relativamente ao acúmulo gordura neste órgão.
Dado que a doença hepática gordurosa não alcoólica aumenta o risco de diabetes tipo 2, evitar alimentos ricos em gordura saturada pode ajudar a prevenir a também esta doença.
Nota: Este estudo não pretende demonstrar que a gordura saturada é má e que todos devemos evitar o seu consumo. Como podem verificar, um ACRÉSCIMO de 1000 Kcal em gordura na dieta é uma quantidade bem elevada, que com certeza vai trazer perturbações no perfil lipídico de qualquer indivíduo. Mas serviu para mostrar como a distribuição de macronutrientes na dieta é importante e que vai ter uma repercussão metabólica distinta. Na prática, temos que saber avaliar cada caso atendendo aos fatores de risco e respeitando a individualidade bioquímica e metabólica de cada um!
Fonte: Luukkonen PK et al. Saturated Fat Is More Metabolically Harmful for the Human Liver Than Unsaturated Fat or Simple Sugars. Diabetes Care . Maio 2018.
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